Olá caro leitor,
Dando continuidade as atividades com mais cientificidade do blog da Rev. PelleSana, tenho o grande prazer de incluir um novo artigo, dessa vez sobre dermatoses imunobolhosas, realizado pela Profa Euzeli Brandão, Editora Associada da RevPelleSana e docente na Universidade Federal Fluminense, juntamente com um persona querida, a Profa Iraci dos Santos, docente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
O texto foi especialmente realizado para os profissionais de enfermagem, e se trata da elaboração de protocolo de avaliação e cuidados da pessoas com essa dermatose.
Agradeço imensamente as professoras por essa contribuição ao blog.
Desejo que aproveitem o tema. Comentem, compartilhem e colaborem também conosco.
Desejando escrever uma matéria, fale conosco diretamente nos comentários.
Meu apreço,
Dra Beatriz Farias Alves Yamada
Editora Chefe da Rev.PelleSana
Profa Dra Iraci dos Santos – Doutora em Enfermagem; Professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
As dermatoses imunobolhosas são doenças de evolução crônica cuja manifestação primária e fundamental consiste no desenvolvimento de bolhas e menos frequentemente de vesículas na pele e/ou mucosas. São decorrentes da ativação do sistema imunológico contra constituintes próprios do organismo, neste caso, anticorpos são produzidos contra estruturas específicas da pele, consideradas autoantígenos11,12. Esses autoantígenos podem estar localizados nas regiões intraepidérmica ou subepidérmica, sendo indispensável à identificação de sua localização para classificação do tipo de dermatose imunobolhosa1,2.
Os pênfigos são dermatoses imunobolhosas intraepidérmicas, e por isso as lesões bolhosas são mais superficiais e consequentemente mais sensíveis, rompendo-se com mais facilidade que as de origem subepidérmicas. Existem diferentes tipos de pênfigo: vulgar, foliáceo, induzido por drogas, herpetiforme, paraneoplásico e por imunoglobulina A (IgA), sendo os dois primeiros considerados principais1,3.
Entre as dermatoses imunobolhosas subepidérmicas que compõem o complexo penfigóide estão o penfigóide bolhoso, o penfigóide das membranas mucosas, o penfigóide gestacional, a dermatite herpetiforme, a dermatose por IgA linear e a epidermólise bolhosa adquirida3.
O tratamento das dermatoses imunobolhosas como PV, PF e PB é normalmente agressivo, sendo a prednisona a principal droga utilizada em doses elevadas3.
O cuidar de enfermagem a esta clientela é um verdadeiro desafio, justificado não somente pela complexidade deste cuidar, mas também pela importância do mesmo na recuperação das pessoas acometidas por esta enfermidade cutânea, extremamente debilitante, e por vezes, fatal4. Apesar da significativa e indiscutível importância dos cuidados de enfermagem às pessoas com dermatoses imunobolhosas, constata-se precariedade especialistas e de publicações e principalmente de pesquisas abordando o referido tema, sendo evidenciada predominância de publicações com níveis de evidência 4 e 55,6. Tal fato denuncia a ausência de estudos clínicos, visto a sua importância para a tomada de decisões para proporcionar o bem-estar/conforto dos clientes com esta patologia, e assim reduzir seu sofrimento provocado pela doença, e consequentemente, reduzindo o tempo de hospitalização, bem como os custos hospitalares.
Nesse sentido, ressalta-se o conhecimento produzido, ao longo dos anos cuidando desta clientela específica, desenvolvendo alternativas visando avaliar o cliente de forma integral, além da realização de ações de enfermagem para aliviar o desconforto e reduzir as complicações normalmente apresentadas. Para tanto, elaborou-se a proposta de formulário de admissão do cliente com afecção cutânea, e uma proposta de Protocolo de Cuidados de Enfermagem ao Cliente com Dermatoses Imunobolhosas, utilizando a pesquisa clínica para evidenciar os efeitos das avaliações/ações/intervenções de enfermagem propostas/recomendadas nestes instrumentos/protocolos.
Assim, a Tecnologia de Cuidados de Enfermagem ao Cliente com Dermatoses Imunobolhosas (TCECDI) proposta é composta pelo Protocolo de Avaliação do Cliente em Dermatologia (PACD), validado por especialistas7, e transformado em um software, que poderá ser implementado em serviços de dermatologia, e pelo Protocolo de Cuidados de Enfermagem ao Cliente com Dermatoses Imunobolhosas (PCECDI), ambos devem ser aplicados imediatamente após admissão do cliente.
Após avaliação integral do cliente e identificação dos diagnósticos de enfermagem, facilitados pela aplicação do PACD, recomenda-se aplicar o PCECDI, que possui oito objetivos:
- Aliviar o desconforto provocado pelas lesões (cutâneas e/ou mucosas)
- Promover a cicatrização das lesões existentes
- Prevenir o aparecimento de novas lesões
- Prevenir infecções e infestações
- Manter o equilíbrio hídrico e eletrolítico
- Controlar os possíveis efeitos adversos do tratamento
- Avaliar as influências sociais, espirituais e emocionais das dermatoses imunobolhosas na vida do cliente e família
- Orientar o cliente e sua família, na tentativa de aumentar a capacidade para lidar com o problema.
Cada objetivo possui os cuidados de enfermagem que devem ser implementados considerando a necessidade de cada cliente. Os cuidados propostos incluem a realização de um curativo, que deve ser preparado conforme protocolo para uso nesta clientela. Um ensaio clínico realizado durante Tese de doutorado evidenciou que a implementação da TCECDI interferiu de forma expressiva e positiva nas necessidades de conforto dos sujeitos com dermatoses imunobolhosas, principalmente os que apresentam lesões extensas8. O efeito do curativo proposto no PCECDI foi considerado de extrema importância na promoção do conforto e prevenção de agravos. Este foi submetido aos testes, realizados no Laboratório de Bacteriologia Clínica (LABAC) e CONTQUAL – Laboratório de Controle de qualidade do Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ, comprovando a garantia da esterilização do mesmo com a quantidade de vaselina e modo de preparo sugerido. Declara-se ainda que solicitação de pedido de registro de patente do curativo não aderente para uso em feridas/lesões cutâneas ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial, número do processo BR 10 2016 024142 1, depositantes Universidade Federal Fluminense e Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa foi realizada com apoio financeiro do CNPq – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, através da submissão ao Edital Universal 14/2011-Faixa B – Processo: 477063/2011-0.
Referências
- Porro AM. Dermatoses Imunobolhosas. In: Rotta O. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da UNIFESP. Dermatologia: clínica, cirúrgica e cosmiátrica. São Paulo: Manole; 2008. p. 259-66.
- Cunha PR, Barravieira SRCS. Dermatoses auto-imunes. An Bras Dermatologia. 2009;84(2): 111-24.
- Hanauer L, Azulay-Abulafia L, Azulay RD, Azulay DR, Azulay RD. Doenças vesicobolhosas In: Azulay RD, Azulay DR, Azulay-Abulafia L. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2013. p.145-61.
- Brandão ES. O cuidar do cliente com pênfigo: um desafio para à enfermagem. In: Brandão ES, Santos I dos. Enfermagem em dermatologia: cuidados técnico, dialógico e solidário. Rio de Janeiro: Cultura médica, 2006. p.109-130.
- Brandão ES, Santos I dos, Carvalho MR, Pereira SK. Nursing care evolution to the client with pemphigus: integrative literature review. Rev. Enferm. UERJ. [Internet]. 2011 [cited Jun 6, 2018];19(3):479-84. Available from:http://www.facenf.uerj.br/v19n3/v19n3a24.pdf
- Brandão ES, Santos I dos. Evidences related to the care of people with pemphigus vulgaris: a challenge to nursing. Online Braz. J. Nurs. [Internet]. 2013 [cited Jun 6, 2018];12(1):162-77. Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/3674
- Brandão ES, Santos I, Lanzillotti RS. Validation of a instrument to assess patients with skin conditions. Acta Paul Enferm. 2013;26(5):460-6.
- Brandão ES. Evidências do cuidado de enfermagem para o conforto/bem-estar dos clientes com dermatoses imunobolhosas:ensaio clínico. 2014. 314 f.Tese (Doutorado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
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